Rodrigo da Cunha Pereira e Gabriella Andréa Pereira discutem a promoção da inclusão no Direito das Famílias e os objetivo da nova Comissão do IBDFAM

No contexto do Dia da Consciência Negra, celebrado na quarta-feira (20), a inclusão no Direito das Famílias e Sucessões é o tema do Podcast IBDFAM. No novo episódio, já disponível no YouTube e no Spotify, Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM, conversa com a advogada Gabriella Andréa Pereira sobre o assunto e anuncia a criação da Comissão de Diversidade e Inclusão Racial do IBDFAM, que será presidida por ela.

No bate-papo, a advogada destaca a necessidade de representatividade nas entidades de classe e em outros espaços jurídicos. Segundo ela, um dos maiores desafios enfrentados por advogados negros e advogadas negras é a ausência de modelos que reflitam a realidade.

"No mundo jurídico, muitos jovens advogados – e até advogados mais experientes – não se veem representados nas entidades de classe ou órgãos de representação. Eles olham e só enxergam pessoas brancas, cis e héteros. Isso cria uma barreira invisível, mas muito real, de não pertencimento: ‘Ali não é meu lugar’", afirma.

Segundo a especialista, a Comissão de Diversidade e Inclusão Racial do IBDFAM surge para mudar esse cenário e fazer com que todas as pessoas possam se ver representadas, o que está alinhado com os objetivos jurídicos, educacionais e políticos do Instituto.

"O IBDFAM tem o compromisso de representar todas as famílias, e isso inclui as famílias negras, indígenas e transafetivas, que são as mais marginalizadas e, muitas vezes, as menos ouvidas", declara a advogada.

Nova abordagem

Em atuação profissional, ela aplica uma abordagem racializada. Gabriella, que é de Minas Gerais, atende clientes de todo o Brasil com foco na inclusão de pessoas negras e periféricas no Direito das Famílias e Sucessões.

"Meu trabalho é pautado no reconhecimento das especificidades dessas pessoas. Muitas delas não conseguem se ver representadas nos tribunais ou sequer têm acesso ao sistema de Justiça. Nosso papel é criar um ambiente de acolhimento no qual elas possam se sentir seguras para expor suas questões, sem medo de serem deslegitimadas ou desconsideradas", explica.

A especialista destaca que ainda é comum a advogados e advogadas que atuam com este recorte racial enfrentar a invisibilidade. "É um trabalho que exige uma sensibilização constante, tanto dentro do escritório quanto fora dele, para que possamos garantir que todos, independentemente de sua cor ou origem, tenham seus direitos reconhecidos e protegidos", avalia.

Rodrigo da Cunha Pereira concorda e lembra que o Direito, enquanto instituição social, sempre foi um instrumento de inclusão e exclusão. “O Direito molda o social, seja pela moral, pelo status ou por preconceitos históricos, como a distinção entre famílias legítimas e ilegítimas. Felizmente, estamos avançando nesse sentido, desconstruindo antigas normas e reconstruindo um espaço mais inclusivo. A criação da nova comissão do IBDFAM é um passo fundamental nessa reconstrução, resgatando a dignidade das pessoas e das famílias”, ele conclui.

Confira o episódio na íntegra:

Podcast IBDFAM

O Podcast IBDFAM é gravado no estúdio da sede do Instituto, localizada em Belo Horizonte. O espaço é equipado com tecnologia de ponta para sediar gravações de alta qualidade.

O projeto reafirma o compromisso do IBDFAM com a promoção de um diálogo amplo e democrático sobre questões relacionadas ao Direito das Famílias e das Sucessões, bem como suas conexões interdisciplinares.

Confira o episódio no YouTube e no Spotify.

Protocolo de inclusão

A primeira iniciativa da nova Comissão de Diversidade e Inclusão do IBDFAM é a implementação do protocolo de inclusão, que oferece desconto de até 50% na anuidade para novos associados pretos e indígenas. Para participar, acesse: ibdfam.org.br/associe-se

Direito para Todas as Famílias

Além disso, o IBDFAM realiza, no dia 28 de novembro, o Direito para Todas as Famílias, encontro on-line e gratuito, via Zoom, que vai discutir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS 10 e 18, da Organização das Nações Unidas – ONU, que dizem respeito à redução das desigualdades e à igualdade étnico-racial, respectivamente.

Para participar, basta se inscrever no site: ibdfam.org.br/evento/familiasods/

Por Guilherme Gomes